Ela era minha amante
agora é a minha vez
acima do campo verde
bolhas de sangue,
meu corpo
carne em um grande gancho;
nomes, cidades, sonhos,
agora é a minha vez,
eu vi todos partir
amigos e amantes;
eu assisti o pianista tocar
depois que a platéia saiu
agora é a minha vez de ir,
todas as grandezas cabendo em um dedal,
pra baixo,
pra baixo
com elas, com ela,
cidades tomadas e sepultadas
desse jeito,
os animais amam as montanhas
e as montanhas a si mesmas,
raios e rezas então
o mar,
somos apagados
como nada,
como o nada que somos
e o pianista continua tocando
enquanto pequenos demônios escorregam pelo corrimão,
estou indo
pra baixo agora do campo verde
onde luz nenhuma pode chegar
segure-me
ar e água,
segure-me,
apague as
vozes das faces que comem pão velho e rangem
e não dizem nada além de mentiras,
ela era minha amante e era a vida
e virou as costas e se foi.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário