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Para a puta que levou meus poemas


alguns dizem que deveríamos evitar remorsos particulares no

poema,

manter-nos abstratos, e há certa razão nisso,

mas jezus;

lá se vão doze poemas e eu não tenho cópias deles em carbono e você está com

minhas

pinturas também, as melhores; é sufocante;

quer me destruir como fez com todos os outros?

por que não leva meu dinheiro? é o que normalmente fazem com

os bêbados desacordados na esquina de quem batem os bolsos das calças.

da próxima vez leve meu braço esquerdo ou cinquenta contos

mas não meus poemas:

eu não sou Shakespeare

mas vai chegar um tempo em que simplesmente

não haverá mais nenhum, abstrato ou como quer que seja;

sempre haverá dinheiro e putas e bêbados

até a última bomba cair,

mas como Deus disse,

cruzando as pernas,

sei muito bem onde coloquei um bocado de poetas

mas não muita

poesia.




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