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As garotas que seguimos até em casa



as garotas que seguimos um dia até em casa
agora são mendigas
uma delas é aquela velha enrugada
de cabelo branco que te 
bateu com a 
bengala.
as garotas que um dia seguimos até em casa 
andam com sondas em 
enfermarias,
jogam damas no passeio 
público.
elas não mergulham mais 
antes das ondas quebrarem,
aquelas garotas que seguimos até em casa,
não passam mais óleo de bronzear
quando estão no sol,
não se demoram mais
na frente do espelho,
aquelas garotas que seguimos até em casa,
aquelas garotas que seguimos até em casa
foram pra algum lugar,
algumas pra sempre,
e nós que as seguimos?
morremos em guerras, morremos 
do coração, 
morremos de saudade.
arrastando chinelos e falando 
devagar,
nossos sonhos são sonhos de TV, 
poucos de nós,
bem poucos de nós se lembram 
das garotas que seguimos até em casa.
quando o sol sempre parecia 
estar brilhando.
quando a vida se movia tão nova e 
estranha e esplêndida
dentro 
de vestidos que brilhavam.

eu me lembro.



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