Este hábito
é feito ao se viver com as mulheres, uma após a outra,
e finalmente sem elas;
é feito ao parar na janela e assistir um cachorrinho passando;
é feito em uma lanchonete enquanto você lê os
resultados das corridas e come um sanduíche;
é feito enquanto você fala com sua filha
que agora é uma mulher adulta na faculdade;
é feito ao semear o jardim enquanto
você se recupera da confusão da véspera;
depois vêm as palavras, as malditas e amadas
palavras vêm mais e mais
enquanto você se senta sozinho e
datilografa.
"posso te ouvir datilografando de noite," diz meu vizinho.
"oh, me desculpe..."
"não," ele diz, "é um som agradável."
ele está certo, é mesmo.
e quando eu não faço esse som por
dois ou três dias
me torno aflito
minha face fica com uma cor doentia, e -
acredite em mim -
tenho visões da minha morte.
mas datilografando sou
imortal.
bem, talvez não imortal.
mas este hábito
esta velha máquina de escrever e
este velho
vivem bem juntos.
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