Loucura?
olha, ele disse, admita.
o quê? perguntei.
quando você vê aquela gorda
no supermercado que está
escolhendo laranjas, não
se sente a fim de ir lá e
espremer aquelas ancas feias
bem forte
apenas para ouvi-la gritar?
do que diabos você está falando,
cara? perguntei.
o quando o garçom te traz
teu jantar, não pensa
por um instante que poderia
matá-lo?
não antes do jantar, respondi.
o que estou querendo dizer com isso,
ele continuou,
é que há uma linha muito tênue
entre o que chamamos de sanidade e
o que chamamos de loucura
e que o esforço que fazemos para
permanecer no lado são
só é feito para que não sejamos
punidos pela
sociedade.
senão, iríamos
frequentemente cruzar essa linha e
as coisas seriam muito mais
interessantes.
eu não sei do que diabos
você está falando, cara,
eu disse a ele.
ele apenas suspirou, me olhou
e disse, deixa pra lá, amigo.
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